terça-feira, 27 de julho de 2010

Por que um profissional interdisciplinar e reflexivo?

Em janeiro de 2005, na Folha de São Paulo, uma matéria sobre A escola e o profissional do futuro analisa a nova sociedade globalizada que desponta e novas as tendências do mercado de trabalho atual que exige o surgimento de um novo perfil profissional.

Nesta análise observa-se a necessidade que vai além de uma reforma curricular, perpassa por uma reflexão a respeito de nossas formas de pensar e agir.

Como cita Libâneo (1998) há novas exigências educacionais que pedem às universidades e cursos de formação para o magistério:

“(...)um professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação.(...) de uma cultura geral mais ampliada, capacidade de aprender a aprender, competência para agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio de linguagem informacional, saber usar meios de comunicação e articular as mídias e multimídias”.(pg.10)

O educador é o centro de toda a prática educativa. Portanto, os cursos Superiores em Educação devem ter como objeto essencial de estudo o Humano. Uma reformulação curricular que tenha como objetivo a formação de uma postura reflexiva do profissional e não uma reflexão episódica como todos nós fazemos perante nossas ações.

Como afirma Alarcão, o professor reflexivo é aquele que pensa no que faz que é comprometido com a profissão e se sente autônomo, capaz de tomar decisões e ter opiniões. Ele é, sobretudo, uma pessoa que atende aos contextos em que trabalha, os interpreta e adapta a própria atuação a eles. Os contextos educacionais são extremamente complexos e não há igual a outro

Esta formação reflexiva, argumentativa e crítica deve ser parte fundamental nos cursos de graduação, pois segundo Perrenoud (2002), a formação, inicial e contínua, embora não seja o único vetor de uma profissionalização progressiva do ofício de professor, continua sendo um dos propulsores que permitem elevar o nível de competência dos profissionais.

Mas, em alguns momentos prioriza-se o ensino conteudista, teórico e esquece-se que ver-se na ação e depois rever-se nesta ação é que possibilita sempre um repensar de nossas ações.

Como nos aponta Perrenoud (2002)

“ O desafio é ensinar ao mesmo tempo atitudes, hábitos, savoir-faire, métodos e posturas reflexivas. Ainda complementa, é preciso aceitar algumas perdas: para que os alunos aprendam a se tornar profissionais reflexivos, é preciso renunciar à atitude de sobrecarregar o currículo da formação inicial de saberes disciplinares e metodológicos.“(pág.18)

É necessário que durante o seu preparo o futuro professor se capacite para, compreender o universo cultural do seu aluno. Adquirir a consciência da pluralidade cultural e perceber que há um confronto constante do pensamento com variados universos que faz com que sejam superados preconceitos e que surja a crença na capacidade de desenvolvimento do educando.

Segundo Fazenda (1995), o professor interdisciplinar traz em si um gosto especial por conhecer e pesquisar possui um grau de comprometimento diferenciado para com seus alunos, ousa novas técnicas e procedimentos de ensino, porém, antes os analisa e dosa-os convenientemente, sendo assim, este profissional traz a si a postura reflexiva quase que permanente na sua atuação profissional.

Este professor deve estar capacitado a analisar criticamente os diversos discursos, o que, se espera, deve facilitar seu trabalho de ajudar o seu futuro aluno a melhor compreender e criticar textos, práticas, experiências e padrões culturais. O interdisciplinar pode e deve realmente constituir um motor de transformação pedagógica.

Reafirmando Fazenda (1979),

“O enfoque interdisciplinar irá possibilitar uma melhor formação geral quando propicia o acontecer de uma situação dialógica; será o meio para uma formação profissional ao projetar uma dimensão crítico e realista e principalmente como incentivo à formação de pesquisadores e pesquisas ao ser o princípio de unificação e não unidade acabada.”

A interdisciplinaridade prepara melhor os indivíduos para a formação profissional que, hoje em dia, cada vez mais exige a contribuição de várias disciplinas, conseqüentemente, certa formação polivalente. (Japiassu, 1976)

Este profissional interdisciplinar, reflexivo em sua prática será capaz de ousar para transformar as amarras desta educação atual. O ousar é para o educador a liberdade e o encontro com o seu ideal de educação, sua posição frente às forças ideológicas que moldam o ensino do nosso país, sua argumentação frente as diferentes formas políticas que mobilizam e atravancam o desenvolvimento do nosso povo e será o abrir as portas para a socialização e para a democracia.

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